Na mesma placidez...

29 de janeiro de 2011
Em despedida
Autor: Samuel Nascimento

Recordações em fotografias
Verdades confudidas com mentiras
Cicatrizes que voltam a ser feridas
Longos três anos guardados para a vida
Sei - brigas e tristeza
Mas nada apagarás a grande certeza
Da alegria e do bem que tu me fizestes
E o amor que em meu peito puseste
A sensação de solidão me dói
E a incerteza do futuro nas veias corrói
Me passa até a cabeça todo o medo
De não ter mais com quem guardar segredos
E que segredos...
Aprendi...
Aprendi a amar, a confiar
A sentir medo de perder alguém importante
Aprendi a sonhar e a me desapontar
Mas não aprendi a ser esse arquejante
Que convive com a solidão
Respirando emoção
Lembrando do amor e vivendo com a dor
Dor de não ver mais você
De saber que terei de esquecer
Algo construido em tanto tempo
Se despedaçando em planos e sofrimento
Sei que os dias melhores virão
Que tudo são fases de reflexão
Provas que a vida nos oferece
A Força e o equilíbrio em constante teste
Felicidade, é o que desejo a ti
Pois a tempestade passará apenas ao sorrir
E seu sorriso é remédio para a natureza
Clareia o mar, e o céu incendeia
União de beleza com sutileza
A curandeira da minha eterna tristeza
Me levanto, em meio aos prantos,
Danço e canto
Sem timidez
E não me canso
Por enquanto
De dizer só mais essa vez
Que eu te amo
Na mesma placidez
Já não mais penso
Já não mais escolho
Não mais propenso
Ofego de tanto esforço
Já pouco escrevo
E tão pouco sonho
Esqueço o enredo
E permaneço tristonho

Dicionário do texto
Arquejante - Aquele que arqueja; que respira com dificuldades, ofega, ansia
Placidez - Qualidade ou estado do que é calmo; tranquilidade, serenidade, sossego
Propenso - Disposto; que mostra tendência a algo

Paz e Amor para todos! Samuel Nascimento

Regue a vida com amor

27 de janeiro de 2011
Autor: Samuel Nascimento

Segredos se rebelam
Os medos se revelam
As idéias se entregam
À vontade de mudar

Ao amor me apego
Recomeço do zero
Esqueço o ano velho
É tempo de repensar

Uma planta, rego
A vida, um mistério
Pra mim, obséquio
Gentileza de se preocupar

A planta cresce
A flor já brota
Se juvenesce
Mais uma horta

Não mais padece
Não mais sufoca
Nem mais esquece
A vida só melhora

Vou seguir
Com a planta comigo
Não vou mentir
Sem ela, já não existo

A quanto tempo você não planta? Plante, pois plantar é preservar, é criar laços com a natureza, e além de tudo, é gerar vidas! Tenha a quem cuidar, a quem dá águas, que depois ela te retribui com sua beleza, simplicidade, frutos e flores.
A prática de plantar não mais pode ser abolida, e o mundo precisa de verde, faça sua parte, não espere pelos outros. Já dizia mestre Gandhi - seja a mudança que você quer no mundo.

Frase do dia
"Sábio é o ser humano que tem coragem de ir diante do espelho da sua alma para reconhecer seus erros e fracassos e utilizá-los para plantar as mais belas sementes no terreno de sua inteligência." - Augusto Cury

Viva o verde, viva a vida! por Samuel Nascimento

Quem vive em sociedade é? - Obediente

23 de janeiro de 2011
Julgo-me
Autor: Samuel Nascimento

Cruéis os homens que discordam da felicidade
Fiéis os homens que abordam a criatividade
Constroem uma brilhante, nova sociedade
Alternada de princípios, sempre abundante e de positividade
Sempre em protesto, chamando atenção, mas nunca em popularidade
Usando suas armas - boa-fé, amor, simplicidade...

Vivendo apedrejado, mas nunca apedrejando
Sempre julgado, mas jamais estará julgando
Na paz, vive anestesiado e com isso trazendo desconforto
Nos pobres de almas, sem brilho, os normais e reais tolos

Sorriso, sentimento de prazer com natural
Preciso, firmamento, ser pertencente da natureza e imortal
Eterno nas lembranças, no passado, o viajante Quidam astral
Turista das terras novas, nativo das velhas terras
Surfista de arriscadas manobras, passivo habitante de um eterna guerra
Alternativo e jamais perdendo sua paciência
Enfim... alto plano de consciência

Frase do dia

"Viva! Viva! Viva a sociedade alternativa!" - Raul Seixas

Já dizia o rei (que não é Roberto Carlos e nem Pelé) Raul - Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ser aquela velha opinião formada sobre tudo! Paz irmãos e muita calma, pois para a vida, precisamos ter demais, ela é mesmo essa caixinha de surpresa que dizem por aí (clichê). Não podemos fazer tantos planos, pois eles jamais vão ser como a gente um dia pensou em querer, mesmo a gente sempre mudando nossos quereres.

Samuel Nascimento

A Poesia Regional

18 de janeiro de 2011
Já que ninguém posta, vou me adiantando...novamente.

Espigão
Autor: Samuel Nascimento

Menino do mar, garoto marinheiro
Instinto selvagem, espírito aventureiro
Turista da praia de todos os dias
Espumas nas águas, brilho do sol e maresia

Piratas de bons pensamentos
Navegante de conhecimentos
Olhos fechados, escuto minha voz
A língua do mar que viaja sobre nós


Na metálica ponte, madeira
No horizonte bem longe, beleza
Boiando no mar sencacional, pureza
Meditação natural me tira qualquer tristeza

E antes que qualquer ódio se antecipe
Meu amor brota na vista daquele Mucuripe
Do coral legal e da linda catedral
Por que anormal não faz mal ao pessoal?
Que insiste em querer crescer
Mesmo que para cima isso tenha que ser

Prédios, favela, calçadão
Polícia, ciclista, turista
Mendigo, esmola, ilusão
Desigualdade social e material das conquistas

Meu eu, minha ilha
Meu rosto, meu destino
No breu da minha vida
O gosto do caminho
No horizonte há sonhos e solução
Na praia, risonho sempre vive, espigão

Muitos nativos de Fortaleza, quando eu falo "espigão" não sabem do que eu tô dizendo, não apreciam a beleza natural de sua própria cidade. E para essas pessoas e os turistas, espigão é a ponte não urbanizada que fica localizado na Praia de Iracema. Local bastante tradicional de "maroleiros", pescadores, gringos, turistas e apreciadores de um bom por do sol. Se mora em Fortaleza, uma boa dica de como começar bem a semana é ir para a P.I num domingo ensolarado e cultivar bons pensamentos olhando aquela paisagem de frente para o mar e de costa para a babilônia.

Frase do dia

"Just close your eyes and fly away" (Basta fechar os olhos e voar para longe)

Paz irmãos! Samuel Nascimento

Trocando idéias #1

15 de janeiro de 2011
 Ontem, vivi mais um dia do rei destino. Rei destino me fez ir para biruta e reencontrar amigos. Um deles em especial era Vinicius, com quem já troquei várias idéias. E ontem não foi diferente. Tiramos o dia, ou melhor, a noite, para botarmos os papos em dia. O que aconteceu na noite, já estava reservado para acontecer, eu e ele sabemos disso. E o melhor de tudo que além de vários bons papos, estávamos ouvindo nada menos do que The Waillers. Get up Stand up, Concrete Jungle, Jamming e reticências, ótimas reticências, diga-se de passagem. Uma ótima trilha sonora para uma ótima conversa, não?

Após o dia, resolvemos então, aqui no blog compartilhar essas idéias. Meu companheiro e amigo Vinícius me enviou um de seus textos e de tão bom não pode passar em branco aqui. Já que mente ilícita é aquele que pensa, que questiona, atividade que hoje é muito rara e até criminalizada, banalizada.

Tentam calar a todos, mas nunca haverá só marionetes, sempre terá os loucos para organizar e lembrar esse mundo o que é viver.

Terminal
Autor: Vinícius Martins da Paz

No terminal vaga os espíritos sem brilho
Caminham cansados, da vida gastos.
Corpos fracos, desfigurados.
Dos falsos ganhos e ganhos falsos.
Dos pobres sonhos de sobrevivência.
Pedem para sobreviver, ou sustentar a doença.
Da esperança que já é paciência.
Se escoram no tempo, relevando o pressentimento.
Agem com apenas dois sentimentos: dor e lamento.
Se deixam guiar por passos perdidos em dias subnutridos.
No espaço esquecidos, pelas calçadas, caídos.
Por quanto tempo eles esperam?
Pela mudança se desesperam.
A vacina virá para ser letal.
Para os dominados é a cura de um tempo infernal.
Onde a exclusão é fator de seleção natural.
Enquanto muitos acreditam na ingestão da mensagem formal, para agir de forma normal.
Num mundo que lhes parece anormal, é comum agir como animal.
Querem subordinação, não respeito, nem humildade.
Onde o dinheiro vale mais, são esquecidos os valores de irmandade.
A consciência passa longe de ser a verdade.
Não se crer em recuperação, é um triste estado sem transformação.
A doença continua em evolução, destruindo toda população.
Mais fácil calcular os danos e acompanhar de longe toda degradação.
Olham e classificam dando um diagnóstico final, que já se sabe pelo local.
Estado terminal.

Irmão, trocar idéias contigo é tão agradável, ou melhor tão saudável. O espírito renova. Um pedal, um texto, uma música. Varias formas, vários planos. O recomeço da era e o exercício mental é um processo harmônico raro de se ver nos dias de hoje. Paz para ti, para nós. Que todas as famílias possam se unir como uma e tenham seus filhos, irmãos e pais como é para ser, união, amor e amizade.

Frase do dia

"Emancipate yourselves from mental slavery, none but ourselves can free our mind ( Liberte-se da escravidão mental, ninguém além de você pode libertar sua mente) ". - Bob Marley
Viva a vida! força pela paz. Samuel Nascimento

Hora de Ser Livre

11 de janeiro de 2011
Autor: Samuel Nascimento

Aqui estou

Sempre procurando em dificuldades a solução
E nem sei mais se eu posso contar
Com todos que me fizeram pressão
Para eu buscar, para não desistir
Das coisas que me dizem ser importante lutar

E agora sou
A mudança que quero para combater a ilusão
De um mundo bom, de pessoas unidas por natural
Tudo sem noção, fora do lugar, anormal
Tudo aqui é programado, é um mundo muito ditado
Povo marionete que se submete a todo tipo de humilhação

E agora já é
Hora de jogar tudo para o alto
É tempo de fé e esquecer o passado
E agora ja é
Hora de rever os meus conceitos
É tempo de não mais sentir nenhum medo

Com a mochila nas costas vou seguindo
Sigo o meu caminho
Vou em busca de paz
E os sonhos corro atrás
Sigo fazendo o bem e esperando por melhores dias
Vivendo por ninguém e ilícito para a vida
A vida dos outros que só pensam em ser melhores
Jogando pela sorte e desesperados pela morte

Para saber o densenrolar da história, como aconteceu por de trás das letras, clique aqui
O poste foi enviado por mim para o hempadão e recebeu bastantes comentários de pessoas relatando fatos bem parecidos e também insentivando, desejando sorte e força para o autor, que por um mero acaso sou eu.

Frase do dia "É foda ser taxado de louco, vagabundo, mas como tudo deve ser" - Charlie Brown Júnior

em paz, Samuel Nascimento

Sistema

10 de janeiro de 2011
Sistema
Autor: Nildo Jr


Onde essa brincadeira foi parar?
Todos apontam os dedos e não cansam de julgar
É tanto preconceito, tanta imaturidade,
Fingem não enxergar a verdade.
Eles que fazem parte do sistema
Eles que também são vitimas do sistema,
Sofrem como nós também
Mas não questionam nada
Choram como nós
Mas ainda jogam na cara
Todas as mentiras que lhes foram concedidas.

Liberte sua mente de todo tipo de preconceito
Abra sua mente e questione o que o sistema lhe impõe
Jogue fora todo conservadorismo e alienação
Verá o que é ter uma mente ilícita para o sistema.
Pois eles nos controlam
E quando pensamos que somos livres
Estamos presos na programação,
Pois somos os programados pra viver e obedecer
Aceitando tudo que nos é imposto
Mesmo que isso destrua famílias
Mesmo que isso acabe em uma guerra.

E o efeito disso tudo tem me deixado meio confuso
Busco respostas para tanto absurdo
Mas só encontro mentiras esfarrapadas
Enquanto grandes empresários ganham com a guerra
Mas estamos no começo de uma nova era
E tudo isso vai mudar, vamos lutar,
Vencer cada obstáculo
Vamos revolucionar a nossa mente
Pois quando acontece agente sente
Sede de liberdade e atitude pra mudança.




A alguns dias adicionei nos links favoritos do blog um blog que tem como objetivo combater a desinformação, o nome dele é Cabeça ativa e vou colocar um das dezenas de textos interessantes que tem nesse blog. fica ai a minha sugestão de leitura. e visitem o blog Cabeça ativa e leia mais.


Os conflitos familiares causados pelo consumo de drogas.

É crescente o fortalecimento da tese de que a repressão policial ao consumo de maconha pode provocar problemas piores do que aqueles causados pela própria droga. Mas também preciso debater a temática da repressão e do preconceito dentro da esfera familiar, que pode ser responsável por problemas ainda mais complicados.

O principal efeito nocivo da repressão feita por familiares está no processo de isolamento sofrido pelo usuário. Sofrendo todo tipo de preconceito das pessoas que o cercam, o usuário fica ainda mais vulnerável a um perigoso processo de marginalização que pode resultar em um final trágico, já que o abandono e o preconceito podem facilmente resultar em abalos psicológicos graves. Dependendo da droga consumida, esta problemática pode resultar em um coquetel de problemas com um tratamento ainda mais complicado.

Para o usuário criminalizado por todos os lados, o uso de drogas - que pode ter começado por um interesse recreativo - pode facilmente migrar para uma válvula de escape para o alívio de uma depressão. Uma situação como esta pode levar a um aumento do consumo ou para uma terrível migração para drogas mais pesadas.

É preciso lembrar que no caso da maconha não existe nenhuma evidência científica que confirme que o consumo de cannabis desperte o interesse por drogas. O que pode funcionar como uma verdadeira porta de entrada para outras drogas é este processo de aversão e demonização do usuário dentro do ambiente familiar. Para quem é excluído e desprezado a solução por ser uma busca ainda maior por estados alterados de consciência.

Este ambiente de forte intolerância ao consumo de drogas foi comprovado por uma pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo, ligada ao Partido dos Trabalhadores (PT). O sentimento de repulsa ou ódio a usuários de drogas foi confirmado por 17% dos entrevistados. Outros 24% revelaram que possuem antipatia a quem utiliza alguma droga ilícita.

Perguntados sobre o tipo de pessoas que não gostariam de encontrar, 35% responderam que são os usuários de drogas, seguidos pelos descrentes em Deus (26%) e ex-presidiários (21%). Na pesquisa realizada em junho de 2008 foram ouvidas 2.014 pessoas acima de 16 anos de 150 municípios do Sudeste, Nordeste, Sul, Norte e Centro-Oeste.

Na busca por uma resposta sobre a causa deste cenário de aversão e preconceito a usuários de drogas podemos encontrar múltiplas respostas. Mas a principal está no estigma criado em grande parte pelos meios de comunicação e pelas campanhas antidrogas que tentam diminuir o consumo pela cultura do medo. Enquanto as informações sobre os reais problemas causados pelo consumo de drogas não atingirem as massas esse quadro dificilmente será alterado.


Link do texto: http://www.cabecaativa.com.br/content/os-conflitos-familiares-causados-pelo-consumo-de-drogas.




Frase do dia:
"Enquanto pedimos paz, o sistema ganha com a guerra" (Ponto de equilíbrio)



Nildo Jr.

O que você não sabe #1

9 de janeiro de 2011
Hoje, inicío uma espécie de matéria mensal. "O que você não sabe" mostra atráves de pesquisas, o que o o próprio nome já diz, conta histórias/verdades que você com certeza (ou não) não sabia e que de alguma forma a verdade/história não foi te dita como deveria, distorcida. O dia da matéria não será fixo, poderá ocorrer em qualquer dia do mês e você só saberá quando ela aconterá quando realmente acontecer. Visto que toda verdade pode ser mentira, cuidado com as verdades que lhe dizem, com os livros que ler poraí, mesmo que esse livro leve o nome de SAGRADO na capa, adiquira os conhecimentos e não tome como verdade absoluta, pois tudo só depende do ponto de vista de cada um. Até esse blog ;D

O que você não sabe #1

A criação da consciência moderna ocidental trouxe consigo uma repressão violenta de nossa herança arcaica. Esta herança incluia a habilidade de explorar reinos mágicos e sagrados através da ocorrência espontânea de estados de êxtase, de rituais de iniciação ou por meio de compostos visionários encontrados em certas plantas. Por muitos milhares de anos, o conhecimento direto do sagrado era uma parte natural e universal da existência humana, como ainda permanece em culturas tribais. Com a ascensão do Estado moderno e da Igreja, a interação com realidades místicas foi alienada das massas e explicitamente demonizada. A comunhão com o sagrado foi reservada para os padres. Durante a Santa Inquisição, danças sagradas com os espíritos da natureza ou contatos com as almas dos mortos tornaram-se heresias. A punição para estes crimes era severa.

O processo dialético que criou o pensamento possessivo do capitalista e a aparência racional do tecnocrata demandaram a destruição de vestígios de crenças pré-modernas animísticas e comunais, estivessem estas crenças em populações isoladas da Europa ou em populações indígenas do Novo Mundo. Esta destruição era parte do processo que Karl Marx descreveu como a alienação de todos os nossos sentidos físicos e intelectuais em apenas um: o sentido da posse. Claro, o “sentido da posse” não é realmente um sentido – é uma ilusão de realização pessoal que parece se estender para fora do ego.

A modernidade causou uma mudança dramática na maneira como usamos nossos sentidos. Em seu livro Myth and Meaning (Mito e Significado), Lévi-Strauss admitiu seu choque inicial quando descobriu que tribos indígenas eram capazes de ver o planeta Vênus durante o dia, a olho nu – “algo que para mim seria absurdamente impossível e incrível.” Mas ele aprendeu com astrônomos que era de fato possível e encontrou relatos antigos de navegadores ocidentais com a mesma habilidade. “Hoje usamos menos os sentidos e usamos mais de nossa capacidade mental do que no passado”, concluiu. Nós sacrificamos capacidades perceptuais por outras habilidades mentais – nos concentrar numa tela de computador enquanto sentados num cubículo por muitas horas seguidas (algo que aqueles indígenas achariam “absurdamente impossível e incrível”), ou desligar múltiplos níveis de consciência enquanto dirigimos um carro no trânsito pesado. Em outras palavras, somos criados em um sistema que nos ensina a postergar, retardar e eliminar a maioria das informações sensoriais em favor de uma futura recompensa. Nós vivemos em um ciclo de retroalimentação de atraso da recompensa perpétuo. Quase sempre, nem ao menos temos noção do que é que perdemos.

Pessoalmente, eu não tinha consciência do que estava perdendo até que comi cogumelos. Durante estas viagens iniciais eu descobri que estava preso num estado de postergação da expectativa e um compulsório distanciamento de mim mesmo. Eu tinha o hábito neurótico de um intelectual constantemente tentando observar a mim mesmo de algum ponto imaginário e objetivo fora de mim, e esse caminho impossível drenou minha energia e impossibilitou conectar-me com o presente. Cogumelos não me curaram disso – por um longo tempo apenas o álcool podia obliterar a divisão, e levei anos para solucionar o problema – mas os pedaços de cogumelos desidratados me fizeram perceber, pela primeira vez, exatamente o que eu estava fazendo errado.

A consciência moderna está desperta para o materialismo, para o incorpóreo “sentido de ter”, para a visão mecanicista de mundo e o método científico de observação empírica. Sua antítese é a mente arcaica, viva para o mundo dos sentidos, em contato íntimo com o sagrado como ele é revelado pelo mundo natural, através de sonhos e visões. Para este tipo de consciência, Henry Miller descreveu que “O objetivo da vida não é possuir, mas irradiar”.

Há uma rachadura cultural entre o foco no cérebro, o hardware material no qual a consciência opera, e o estudo da mente, o nexo incorpóreo de tudo que experienciamos. A ciência ocidental estuda obsessivamente os mecanismos “objetivos” do cérebro, as vias de seus neurônios e suas densas florestas de sinapses, sem compreender a natureza da consciência. O xamanismo arcaico é uma tecnologia para explorar a verdade “subjetiva” da mente através de processos visionários, sonhos, mitos e interação com a natureza. De acordo com a psiquiatria atual, doenças mentais têm causas físicas que podem ser tratadas, até certo ponto, com medicamentos adequados. Na perspectiva xamânica, não apenas desordens mentais mas também as físicas têm causas não físicas – espirituais – que devem ser abordadas para uma cura efetiva.

As plantas visionárias são os espíritos guia de culturas ancestrais. Elas são sagradas porque despertam a mente para outros níveis de consciência. São um portal para um universo espiritual, ou multidimensional. No mundo moderno as substâncias derivadas destas plantas continuam a ser demonizadas, ridicularizadas e sobretudo suprimidas. No início dos anos 60, quando um entrevistador reduziu a fascinação de Aldous Huxley com os psicodélicos a uma “diversão com cogumelos”, Huxley respondeu em termos fortes: “O que é melhor, ter diversão com cogumelos ou idiotização com ideologia, ter guerras por causa de palavras, ter as leis de amanhã baseadas nas crenças de ontem?

Este racha cultural permanece uma divisão profunda. Enquanto escrevo isso, drogas psicodélicas foram novamente desmerecidas como “brinquedos da geração hippie” na seção científica do New York Times. Parece que nenhum jornal ou revista, sério ou de grande circulação, possa publicar um artigo sobre alucinógenos sem ridicularizá-los de alguma forma.* Psicodélicos, catalisadores químicos de mundos interiores supremos, permanecem banidos e mal entendidos porque ocupam um ponto de contradição direta e possível síntese entre o materialismo baseado no cérebro e o xamanismo orientado espiritualmente.

A exploração e estudo não enviesado destas moléculas expansoras da mente – um legado da pesquisa científica e psicológica dos anos 50 interrompido pela forte histeria dos anos 60 – é um caminho para unificar estas abordagens opostas sobre a natureza da realidade.

Talvez seja o único caminho.

Daniel Pinchbeck, “Breaking Open the Head”, capítulo 9 (2002), também autor de “2012 – O Ano da Profecia Maia”,

Entre a publicação do livro e esta tradução muito mudou referente ao que diz este parágrafo, ao menos pra quem segue de perto os avanços da área. Por outro lado, pouco mudou no (in)consciente coletivo da população em geral.

De Samuel Nascimento

Visitantes online