Batendo na mesma tecla...

15 de outubro de 2010
Esse poste ainda vai debater o assunto do (meu) poste passado sobre esse controle do sistema
Desta vez mandarei um texto autoral sobre a Hipocrisia, uma "mini" matéria sobre a mídia e seus efeitos na sociedade e, claro, a frase do dia.


Vale a pena uma leitura!
 
Hipocrisia - A maior doença humana
Autor: Samuel Nascimento

A hipocrisia, suprema perversão moral,
Denomina a falsidade, e esculacha o processo mental
Podemos pretender ser quanto queiramos
Mas não é lícito fingir que somos o que não podemos ser.

É o que é a hipocrisia...

É o charco podre e dormente que salteia o homem no meio de paisagens ridentes
É o governante, o publicitário, a sociedade e também o presidente
É o réptil que se arrasta por entre as flores e morde a vítima descuidada
É o ódio, a mentira, a ganância e a pura naturalidade ameaçada

No peito de cada pessoa sem alma
Que sem espírito não consegue manter a calma
Há essa angústia e procura de vida
Que não acha pois trasborda hipocrisia.


Falando nisso...


O brasileiro tem a maior média de hora perdida em frente a TV no mundo, isso é um "prêmio" que eu, como brasileiro e cidadão, não gostaria de ganhar. Um pouco mais de 4hrs e meia é o que os brasileiros gastam por dia se alienando com futilidades, fofocas, artificialismo, hipocrisias, mentiras, poder e claro, bunda! (agora sim!!! ¬¬')
Vai aí um grande bom texto sobre esse poder que a mídia tem na sociedade


Televisão, a produção em alienar.
O mundo está, como sempre esteve, em constante mudança. Para avaliar tais mudanças é necessário manter, dentro do possível, uma certa neutralidade. Não podemos nos esquecer que nossa leitura não é imune à nossa própria organização identificatória, ao nosso referencial de valores ético-morais, e que, tampouco, está ao abrigo de nossos complexos inconscientes infantis que a transferência atualiza. A meu ver, nada pode atrapalhar mais qualquer tentativa de compreensão da atualidade, do que a insistência em manter a todo custo antigas posições narcísicas que se traduzem por expressões como: "antigamente as coisas não eram assim"... "naquela época"... e assim por diante. Se quisermos ter uma compreensão psicológica da criança na era digital devemos ter o cuidado, justamente para não cairmos em posições nostálgicas que, de qualquer forma, não voltarão jamais, de não avaliar as mudanças deste final de milênio como se estivéssemos caminhado para um algo necessariamente pior; onde alguma coisa foi irremediavelmente perdida. Qualquer mudança gera angústia pois implica no desinvestimento libidinal de antigas posições em favor de novas.


Minha proposta, bem mais modesta, é de tentar compreender a participação das novas configurações da contemporaneidade, em particular a da TV, na construção da subjetividade. A mídia, a internet, o sexo virtual, os video-games, os computadores, que fazem parte da paisagem pós-moderna, são dados objetivos ao alcance da criança: é com esta realidade que temos que lidar.


Parece que uma das características mais marcante de nossa época é aquilo que se chama de "cultura do narcisismo": uma cultura marcada pela descrença generalizada nos valores tradicionais, e por uma intensa busca do prazer pessoal, do individualismo, em detrimento dos ideais coletivos.


O sistema de produção e consumo apoiado no massacrante modelo de "sucesso" imposto pelo capitalismo sustenta e aproveita desta organização psico-social. O slogan segundo o qual consumindo, possuindo, você "chega lá", marcando assim a sua diferença e impondo a sua marca individual, revela um aspecto perverso do sistema pois acena para a possibilidade de realização do desejo e, consequentemente, de eliminação da falta.


Se, por um lado, a proposta globalizante oferece a "vantagem" de eliminar a angústia do recalque ao criar ilusões identitárias baseadas em modelos coletivos uniformizantes, por outro, as referências identificatórias e os ideais constitutivos do sujeito (suas origens, a particularidade de sua cultura, suas crenças e sistema de valores ético-morais) perdem seu lugar. Não havendo mais lugar para a circulação do desejo, o sujeito é transformado em objeto e perde a sua história.


Sabemos que o "potencial psíquico" que o bebê traz ao nascer será desenvolvido a partir das relações estabelecidas entre este último e seus pais e, num segundo momento, pelo grupo primário, (na sociologia o grupo primário consistem em grupos pequenos com relações íntimas) o grupo familial, primeiro representante sócio-cultural ao qual a criança terá acesso. Através deste grupo, a criança vai adquirir os elementos de informação sobre o sistema simbólico relativo a sociedade à qual pertence e ao qual, como menina ou menino, ela deverá submeter-se e inserir seus comportamentos e condutas.


Dentre os inúmeras discussões que podem ser feitas a partir do que foi dito, gostaria de centrar o debate naquelas situações onde um abismo separa a "realidade" mostrada na TV da realidade do contexto sócio-econômico - do grupo primário - onde o sujeito encontra-se inserido. Isto significa que o controle padronizado que a TV passa, muda o estilo de vida das pessoas.


Ao propor padrões identificatórias e de comportamento como insígnias de sucesso, a TV trabalha exatamente no veio da satisfação pulsional e do narcisismo: quando perguntado porque servia de "aviãozinho", porque levava drogas da favela para os consumidores, um interno da FEBEM de 12 anos respondeu: "assim eu posso comprar um tênis Nike, e ser igual a todo mundo, e ajudar minha família". O que a TV exibe (e qualquer novela de grande audiência é repleta de exemplos) é, então, transformado em valor social de felicidade. Porém, nos lembra Freud, a felicidade é um problema de economia da libido e representa "a realização retardada de um desejo pré-histórico".


A televisão não pode ignorar a sua participação na construção social, na formação de mentalidades e no desenvolvimento psicossocial da criança e do adolescente. Na atual situação sócio-econômica do Brasil onde a falta de perspectiva e de confiança no futuro, o crescimento do desemprego, a ausência de lideranças confiáveis, enfim, a desesperança social generalizada, leva a sociedade, mas sobretudo a juventude, a uma tensão psíquica cada vez maior, a responsabilidade da televisão com aquilo que ela exibe não pode ser minimizada.


Isto se potencializa quando lembramos que boa parte daqueles que a televisão atinge passa mais tempo em frente ao aparelho de TV do que nas salas de aula. A participação ativa da população na programação das TVs, e em particular a nossa como analistas para, no mínimo, refletir sobre esta situação, mais que um direito é um dever, uma responsabilidade.


Então se você acha que vale a pena ficar sentado na TV vendo eles dizerem "Faça o que faço, age como eu ajo e nao pense como eu pense, melhor, nem pense!" só te desejo sorte, vou viver sem ter que olhar este "tutorial" da vida que padroniza.


Dicionário do texto:
Detrimento - o mesmo que Prejuízo, Dano.
Narcisismo - descreve a característica de personalidade de paixão por si mesmo.
Libido - o mesmo que Desejo ou Anseio.



Para terminar o assunto, vai aí a...


Frase do dia

"É fato sabido que o luxo só existe as custas de muita miséria. Que o Bem estar social é privilégio de poucos e se pratica uma lavagem cerebral disfarçada com o nome de entretenimento. Mas mesmo diante da maior das atrocidades, não experientaremos sentimentos como o ódio e o desprezo, ao invés disso nossos corações transbordarão amor e compaixão."- Forfun

Escala Latina é simplesmente, a melhor música que eu acho, tanto que as duas primeiras "frases do dia" eram partes da letra dessa música. É uma letra de grande qualidade, com fatos reais e revoltantes e um instrumental deliciantemente dançante.

Para ouvir essa música toda - clique aqui!!!

Um grande abraço, um ótimo final de semana e paz para todos, Samuel Nascimento.

2 Críticas:

  1. Joatan disse...:

    Sempre aqui, mais uma vez venho prestar meus agradecimentos por tão boa leitura que a mente ilicita nos concede =)

  1. Unknown disse...:

    a babilonia vai cair! mente ilícita, uma luz no meio de tanta ignorancia! valeu meus irmaos! PAZ!

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